Assim que minha filha ganhou 10 milhões de dólares, ela me expulsou de casa, me chamou de "bruxa" e jurou que eu não veria um centavo. Fiquei quieta. Ela nunca se deu ao trabalho de verificar quem era o verdadeiro dono do bilhete. Sete dias depois...

Uma semana depois, seu rosto estava em todos os lugares: jornais, televisão, redes sociais. "Jovem mãe solteira ganha 10 milhões de dólares na loteria estadual." Lá estava ela, vestida com roupas de grife que antes nem podia comprar, brindando com o namorado, sorrindo como se o mundo lhe pertencesse.

Assisti a tudo do quarto de hóspedes da minha irmã, numa televisão antiga. A raiva fervilhava dentro de mim, mas permaneci em silêncio. Esperei.

Na gaveta do meu criado-mudo havia um envelope amarelo. Dentro, o bilhete premiado de verdade. Eu o havia comprado com minhas economias no posto de gasolina naquela tarde. Deixei-o sobre a mesa da cozinha, sem jamais imaginar que ela o pegaria sem dar uma olhada. Ela nunca o virou, nunca leu o verso. Porque lá, em tinta preta, estava minha assinatura: María Delgado.